Ví esse texto no Blog da Nono Joris, que por sua vez, tinha visto no blog do Fabrício Carpinejar então resolvi copiar descaradamente. 1) Dorme com os anjos e depois pede para o anjo passar em meus sonhos Meus filhos não fecham os olhos sem essa frase, é um ritual como fungar no pescoço. Dormir com os anjos ainda é pouco. Deve-se pedir que eles falem com os anjos e percebam que são responsáveis também pelos nossos sonhos. Assim entenderão que um sonho é vizinho do outro, como seus quartos são vizinhos do meu. Um dia Vicente disse que ficou muito tempo com os anjos na gangorra e esqueceu de avisar que eu o estava esperando. 2) Vamos arrumar o quarto juntos Não acredito que a criança deve arrumar tudo sozinha, qual é a graça? A criança, quando vai organizar o quarto, encontra outras possibilidades de brincar. O pai ou a mãe podem descobrir o que ela mais gosta, propor novos sentidos aos brinquedos, construir parques a partir dos destroços e conhecer a evolução de sua imaginação e linguagem. 3) Contar histórias para acordar Filho deseja que os pais contem histórias justamente para não dormir, para acordar sua sensibilidade. É momento de fazer o fantoches de vozes. O teatro das pausas. Dublar bichos e personagens. Ele pede para contar novamente a mesma história porque já descobriu que é impossível repetir. O amor não se repete, sempre encontra um jeito de ser original. 4) Não esquece o casaco Isso é uma maneira de dizer: não esquece do meu abraço. A criança lembra do frio e volta para aquele aperto perfumado. Toda despedida é um ensaio para o regresso. Minha mão não nasceu para o aceno, nasceu para ser um cinto ou um suspensório. 5) Eu te amo muito muito muito que desaprendi a contar Para um filho não definir a contagem do amor é um alívio. Sentimento não tem tamanho, mas valor. Dependendo do silêncio do filho, ele está retribuindo sua declaração. Uma criança fica quieta para mastigar sua vontade de amar. Aprendeu que não se fala de boca cheia. Fabrício Carpinejar, poeta, jornalista e professor da Unisinos. Autor de O Amor Esquece de Começar (Bertrand Brasil, 2006). Pai de Mariana, 12 anos, e Vicente, quatro, adora "colecionar álbuns de figurinhas para completar os espaços em branco com as minhas mãos e as dos filhos" (Publicado no jornal ZERO HORA, caderno MEU FILHO Porto Alegre, 29 de maio de 2006. Edição nº 14886) |
Sabe, xará, também adoro as sutis e ao mesmo tempo profundas verdades do Fabrício (ele foi meu colega de cursinho e faculdade!). Esse texto diz absolutamente TUDO sobre a linda relação que se pode e deve construir com os filhos. Bjs!