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terça-feira, março 25, 2008 |
Um susto e duas tristezas |
(a Bisa e os bisnetos, no aniversário dela - julho/2007)
Na última quarta-feira á noite a minha avó sofreu uma isquemia cerebral transitória. É como se fosse um derrame, mas que ao invés de ser provocado por uma hemorragia no cérebro, é provocado pela falta de irrigação em uma parte do cérebro.
Quando cheguei ao hospital ela estava semi paralizada, com a boca torta, sem conseguir reconhecer as pessoas e sem conseguir falar, mas já estava melhor do que no momento da isquemia mesmo, quando todo o lado direito do corpo ficou "esquecido".
A tristeza começa quando vc vê uma pessoa querida receber um tratamento que eu chamaria de, pra ser gentil, PORCO, no Hospital do Servidor Público Estadual. Eu levei pelo menos 40 minutos pra chegar lá e ela ainda estava sentada em uma cadeira de rodas. Sequer tinha tido a sua pressão medida. Depois de algumas horas, um exame medíocre feito pelo clínico geral e outro mais medíocre ainda feito pelo neurologista, a constatação de que não havia filme para revelar a tomografia, tivemos que transferi-la pro Hospital Universitário da USP. Outra tragédia! O Hospital não tem remédios, não tem leitos, os pacientes vão sendo literalmente empilhados em uma sala (que não poderia abrigar 10 macas) com mais de 20 macas com doentes de todos os tipos e estados. É lamentável a situação do atendimento público de saúde.
A segunda tristeza me abateu somente hoje. Apesar de totalmente recuperada da isquemia, com 100% dos movimentos e habilidades recobrados a minha avó está morrendo. Com 93 anos, a chama está se apagando. Tenho a impressão de que aos poucos ela está me deixando e somente hoje eu me dei conta disso. Me dói não sentir todo o amor que um neto deveria sentir por sua avó, me dói não poder retribuir o amor que ela acredita me dar. Eu sempre fui a netinha preferida. Sempre tive tratamento especial. E isso foi motivo de muita culpa, confesso. Há um tempo atrás ela sussurrou no meu ouvido "Eu te amo", coisa que foi incapaz de fazer pela minha mãe. Me sinto pequena e mesquinha. Embora entenda racionalmente esse sentimento, não consigo aceitá-lo.
Talvez eu ainda tenha alguns dias pra tentar resolver essa culpa. |
Postado por Claudia @ 1:58 PM |
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2 Comments: |
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Clau, vou deixar aqui meu abraço bem apertado. Queria tanto te contar da minha vida com minha vó, mas agora não é o momento. Vou tentar fazer um post lá no secreto. Mas fique bem, qualquer coisa que precisar eu estou aqui, a qualquer hora, a qualquer dia. É só me chamar. Beijos
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Clau. Sua avó é uma ninja. Você são doces, doces, doces. Beijos.
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Clau, vou deixar aqui meu abraço bem apertado. Queria tanto te contar da minha vida com minha vó, mas agora não é o momento. Vou tentar fazer um post lá no secreto.
Mas fique bem, qualquer coisa que precisar eu estou aqui, a qualquer hora, a qualquer dia. É só me chamar.
Beijos